ESCRITORES

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Entre o jornalismo e a literatura: A crônica de Rubem Braga

Rubem Braga nunca deixou de escrever regularmente crônicas para jornais e revistas, vindo a constituir um verdadeiro fenômeno: o de ser o único escritor a conquistar um lugar definitivo na nossa literatura exclusivamente como cronista. Abordando sempre assuntos do dia a dia, falando de si mesmo, de sua infância, mocidade, primeiros amores, impregnava tudo que escrevia de um grande amor à vida - a vida simples, não sofisticada, dos humildes e sofredores. Tinha predileção especial pelas coisas da natureza, tomando frequentemente como tema o mar, os animais, as árvores. Não apenas as suas crônicas de amor e exaltação à mulher, mas também as que dedicou a passarinhos, borboletas, cajueiros, amendoeiras e pescarias são das mais belas páginas de nossa literatura.
Aqui estão reunidos seus melhores textos, publicados entre 1935 e 1977 em uma escolha feita pelo próprio autor, baseada na seleção original feita pelo amigo Fernando Sabino. 

"Tal como se configurou entre nós, a crônica é certamente o gênero literário que mais bem formalizou um modo de ser brasileiro. Híbrido entre a notícia e a ficção, a seriedade e a sátira, a formalidade e a familiaridade, o terno e a bermuda, ela abrange tanto a narrativa de pequenos acontecimentos cotidianos como as formas poéticas, o relato breve e o ensaio, os temas políticos e as miudezas cotidianas, de modo que quase tudo parece caber na crônica.
[...]
Dentre os cronistas brasileiros, Rubem Braga é um que merece maior referência. A despeito de jamais ter se arriscado em outros gêneros considerados mais consagrados, o capixaba consagrou-se como dono de uma escrita radicalmente própria, em que os fatos miúdos do cotidiano, quase sempre pessoais, ganhavam, sem recurso à retórica barata, dimensões que deixavam longe a aparente insignificância do que ali se contava. O segredo possivelmente estivesse embutido na junção quase sempre bem-sucedida entre o assunto "baixo" e uma linguagem igualmente "baixa", mas cujo resultado era em geral a revelação do sublime, do "elevado" extraído da matéria "humilde".
Por Ricardo Miyake, Biblioteca EntreLivros. edição especial Nº 11.

A crônica sempre foi considerada um gênero menor, mas isso não impediu que Rubem Braga se tornasse um de nossos maiores escritores. Veja no vídeo o comentário de Carlos Eduardo Ortolan, colaborador do Entrelinhas.



Saiba mais sobre a vida e obra de Rubem Braga, acessando:
[www.elfikurten.com.br/2013/01/rubem-braga-o-cacador-de-ventos-e.html]

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