ESCRITORES

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O sobrinho de Rameau - A filosofia anarquista de Denis Diderot

[Uma das obras mais caras a Diderot, que a reescreveu, revisou e fez adendos ao longo de quase duas décadas, O sobrinho de Rameau é um diálogo entre Eu, um filósofo (que não deve ser identificado inteiramente com Diderot) e Ele, um parasita da alta roda, boêmio excêntrico e contraditório, que “combinava altivez e vileza, bom senso e desvario”.]
[A produção literária de Diderot se desdobra em vários gêneros. Escreveu dramas, ensaios, crítica de pintura e romances. Seu "Ensaio sobre a pintura", obra póstuma, é um trabalho de sensibilidade e de finura crítica, que mereceu o elogio de Goethe.
No terreno literário, Diderot produziu três romances ou novelas: "Jacques, o fatalista" - o mais pessoal dos seus escritos de ficção, com suas licenciosidades, sua incoerência narrativa, suas digressões à maneira de Laurence Sterne; "A religiosa" - obra licenciosa e anticlerical, denunciando a vida hipócrita dos conventos; e "O sobrinho de Rameau" - sua obra-prima, onde encontramos o melhor do talento de Diderot, um diálogo vivo e espirituoso, uma convincente estruturação de caracteres.
A maior parte da obra de Diderot só foi publicada depois de sua morte, inclusive a correspondência com Sophie Volland (1759-1774), sua última amante, publicada em 1830, um dos melhores epistolários da literatura francesa.] Enciclopédia Mirador Internacional

[O livro que quero formalmente sugerir é um clássico: “O Sobrinho de Rameau”, de Diderot. Publicado em tradução de Bruno Costa, pela ótima editora Hedra em 2007, primeiramente apareceu no século XVIII como uma crítica bem humorada de certas crenças e costumes da época. O livro é um diálogo entre Eu (um filósofo) e Ele (um vagabundo fanfarrão) que discutem a miséria da pretensiosa sociedade da época personificada em cada um deles. Cada um, aliás, sábio a seu modo. Por acaso, a tal ‘sociedade’ é por demais igual a nossa. Mudam os tempos, os lugares, os regimes políticos, mas o humano parece sempre o mesmo. Pelo menos por isso, para reafirmar que o diagnóstico não muda, vale a pena a leitura d’O sobrinho de Rameau. 
Mas muito mais pelas pérolas que remetem à nossa condição atual fazendo rir e chorar sobre nós mesmos em tempos em que há “eu” demais por todos os lados e cada um maior que o outro. Rameau dá a dimensão do ridículo do narcisismo com uma prosa jocosa capaz de aniquilar – para quem ainda tiver um resto de inteligência em si – qualquer auto-afetação. Se não vale mais a pena ser sábio, pelo menos que se aprenda a rir de si mesmo.]

Para ler "O sobrinho de Rameau" e saber mais sobre a vida e obra de Diderot, acesse:
[www.ess.inpe.br/colecao-os-pensadores-diderot.pdf]

Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), elogia a obra "O Sobrinho de Rameau", do polímata iluminista francês Denis Diderot. Para ele, uma ópera trágica e política, uma obra de arte total. Conferencista do Fronteiras do Pensamento.



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